quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cotidiano

Cotidiano

Não amo quem me ama,
Quem eu amo não me ama
Ciclo vicioso:
Sorrio as visitas,
Choro as pratarias.
Nunca me contaram que crescer era difícil.

Meus olhos transbordam
nas madrugadas frias.
Ofereço meus ombros aos companheiros
E me debruço em meus tristes dias.
Já não temo os monstros que habitam o escuro
Os meus são maiores
E me lembram incessantemente:
Nunca me contaram que crescer era difícil.


Conto ao travesseiro meus planos
Ele, como todos os outros, ri.
Sou palhaço no circo que insisti montar.
Peço ajuda a Tánatos
Mas só vem Cronos,
Insistindo em me sufocar.
Meus olhos queimam como lenha,
Meus ossos ardem como brasa.
Nunca me contaram que crescer era difícil.

Já não me ama quem me amava,
Quem eu amava já não amo.
Ciclo vicioso:
Torno-me visita de mim mesmo,
Me fundo a prataria.
Torno-me mobília.
Nunca me contaram que crescer era difícil.

Walifer Costa

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