segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Minas, garimpo de saudades


Minas, garimpo de Saudades


Se me perguntares donde venho
Direi conforme meu sistema, meu jeito
Das montanhas, meu senhor,
Onde a terra abraça os homens
Como uma mãe abraça o filho contra o peito.

Se me perguntares donde venho
Direi conforme meu sistema, meu jeito
Das montanhas, meu senhor,
Onde se pode ouvir a viola dizer coisas sobre o amor,
das mãos calejadas de um campeiro.
Donde se acredita que a lua é feita de queijo,
Um verdadeiro banquete á moda mineira
Para um certo aprendiz de Carpinteiro.

Se me perguntares donde venho
Direi conforme meu sistema, meu jeito
Das montanhas, meu senhor,
Donde brota dos seios dos montes o Velho Chico
Que enamora as terras sertanejas em seu destino.

Se me perguntares donde venho
Direi conforme meu sistema, meu jeito
Das montanhas, meu senhor,
Donde Dumont abriu asas e voou
Sob a cabeça de pouca telha de Drummond,
Que achou que fosse um beija flor e pouco ligou,
E continuara a escrever sobre poemas e bondes
Enquanto se podia ouvir ao longe,
O som do martelar dos cotos de um aleijado
Dando forma na pedra sabão.

Se me perguntares donde venho
Direi conforme meu sistema, meu jeito
De Minas Gerais, meu senhor,
Das montanhas onde ecoa as idéias,
Libertas Quae Será Tamem.

Venho de Minas Gerais, meu senhor,
Donde as rezadeiras dizem amém
No final da novena de São João.
Donde meu coração encontra a felicidade
Nos braços da pessoa amada.

Venho de Minas, meu senhor,
Digo conforme meu sistema, meu jeito,
Não há modo de falar donde venho
Sem antes garimpar saudades.


Ariane Rodrigues


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